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Carros elétricos e conectados transformam o mercado de seguros

Os carros viraram smartphones e o mercado de seguros e serviços precisa se reinventar para cobrir esse novo tipo de produto. Durante o Automotive Business Experience – #ABX24, executivos do setor comentaram os desafios e oportunidades para os próximos anos.

Participaram do painel, Nikolaus Maack, head de produtos da Youse Seguros; Thiago Garofalo Meister, head de inovação, produtos e UX da Financeira do Santander; e Simone Moras, diretora de marketing e vendas da Volkswagen Financial Services (VWFS).


Para as empresas do setor, o principal desafio é o grau de incerteza dos sinistros de um carro elétrico, o que torna a apólice mais cara. Os palestrantes citaram que, na maioria das vezes, as seguradoras precisam dar perda total no carro elétrico porque o custo de reparo é altíssimo e complexo. 

Também faltam peças, mecânicas especializadas e uma infraestrutura de recarga que dê conta da demanda, o que aumenta a necessidade de reboques para carros que ficam sem bateria no meio da estrada, por exemplo.

Carros conectados: grande oportunidade, mas muitos desafios

Os executivos apontam que a conectividade dos carros é positiva para as seguradoras porque ajudam na aproximação com o cliente e do ponto de vista de créditos.

Mas é também um tema sensível e muito incerto porque as tecnologias de conectividade ainda têm falhas de desempenho e as montadoras pecam no tratamento e proteção dos dados. 

Isso se refere a sistemas de infoentretenimento avançado, rastreamento, assistentes de condução e piloto automático, além de tecnologia Lidar, atualização de software via online, entre outros, que enviam dados em tempo real.

“Esse volume de dados vai exigir das seguradoras um arcabouço brutal de tecnologia”, afirmou o head da Youse Seguros.

Simone Moras, da VWFS, exemplifica que as tecnologias de direção assistidas poderiam ajudar as seguradoras a entenderem o perfil do condutor. Contudo, perdem a utilidade devido ao modo de uso desses dispositivos.

“Nas tecnologias de direção assistida, quando você vai piorar o seu comportamento como condutor, você desliga o sistema. Isso para as empresas de seguro, banco, financiamento já perde a utilidade de gestão do ativo”, disse Simone, da Volkswagen Financial.

Nikolaus questiona também como utilizar os dados para precificar os seguros. “O desafio é como traduzir esses dados sobre condução. Vai ter um preço diferenciado para os bons condutores? Vamos fazer um pacote por dia ou mensal, conforme o estilo de condução?”, disse o executivo da Youse.

Veículos financiados e conectados

Para os carros financiados, a tecnologia também pode ser útil. O Santander tem aplicado tecnologias de rastreamento em alguns veículos. 

“Já temos alguns casos de uso com carros financiados com rastreamento. Com carros conectados e mais informações a gente consegue ter uma esteira mais eficiente pra entender como se dá o uso desse veículo e se aproximar do cliente”, disse Garofalo.

Ainda para o executivo do Santander, os carros conectados devem trazer uma expansão de crédito. “Porque vou ter uma eficiência maior e, combinado a uma mudança regulatória, deve facilitar muito a retomada e a retroalimentação do mercado de veículos.”

Assinatura é forma de conhecer o carro elétrico

Com os carros elétricos e conectados uma nova gama de serviços não para de surgir: personalização do automóvel, do sistema, da bateria, bem como assinatura e locação de veículos. Justamente para fugir da dor de cabeça do seguro e financiamento, o carro elétrico por assinatura pode ser uma opção.

Nos últimos anos, praticamente todas montadoras já criaram o seu próprio serviço de carro por assinatura: Nissan, Renault, Stellantis, Volvo, BMW, Toyota e Volkswagen e o mercado deve continuar em expansão.  

“O ‘Sign and Drive’da Volkswagen já é 5% da indústria do varejo e esperamos que cresça 14% ao ano até 2032. Então, a assinatura de veículos vem com tudo é óbvio que é uma boa opção para testar o carro elétrico”, afirmou Simone.

O serviço da montadora alemã foi criado em 2020 e oferece modelos tadicionais a combustão, como Nivus, T-Cross, Polo e Virtus, além dos elétricos ID.4 e ID.Buzz, estes exclusivos para assinatura. 

Para a executiva da VWFS, a assinatura é ideal para o consumidor que quer conhecer o carro elétrico, sem compromisso e sem precisar se preocupar com burocracia e revenda.

“A revenda é um medo real porque o carro elétrico está com uma desvalorização de 40 a 50% em dois anos. O cliente final está tomando um susto na hora de revender.”

Além das assinaturas, os serviços e personalização dos carros deve continuar crescendo. Sem limites para imaginar e vender, esse mercado deve ter um boom nos próximos anos.

“Segundo uma pesquisa da Financial Times, os serviços digitais representam 2% do faturamento da indústria automobilística, e para 2040 espera-se que seja 40%”, disse Simone.

Todos esses desafios, refletem no preço do seguro e assustam o consumidor, que já é pouco adepto ao seguro veicular. Segundo a Youse Seguros, apenas 27% dos veículos da frota circulante do país têm cobertura, o que representa apenas 3 em 10 veículos (eletrificados ou não).

Fonte: Automotive Business

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