O Aftermarket brasileiro possui 2 canais para escoamento das autopeças, sendo um deles formado pelas montadoras de veículos e sua rede de distribuição também conhecido por canal oficial ou OEM – Original Equipment Manufacturer e o outro formado pelas indústrias de autopeças e sua rede de distribuição também conhecido por canal livre ou AA – Automotive Aftermarket.
No entanto a velocidade do mercado atual e a busca de margens de lucratividade tornam estes canais um verdadeiro caldeirão fervente, onde pode ser apimentado com importadores, fornecedores de toda espécie de qualidade, de marcas em cima de marcas, de remanufatura e até mesmo de peças usadas conforme regulamentações específicas, isto tudo sem contar as chamadas “peças cinzas” que encontraram nas plataformas digitais seu hospedeiro ideal, cujos rastros são mais confusos do que as mutações do vírus SARS-CoV-2.
Diante deste cenário é preciso sempre reforçar que as oficinas independentes no Brasil continuam sendo a maior e mais robusta porta de entrada para quem comercializa autopeças cujo fim seja o mercado de reposição, ou seja, muita evolução, muita mudança, muita tecnologia, mas ainda não inventaram um robô que possa reparar os veículos da frota brasileira, com exceção de diagnósticos que podem ser remotos em alguns poucos modelos, mas que mesmo assim poderão identificar a substituição de algum componente e novamente a figura do mecânico entra em cena.
Evidente que alterações de perfil de consumidores surgiram, como veículos por aplicativos que boa parte se tornou uma “pessoa jurídica” e outra parte que se vale da frota das locadoras de veículos; a própria locadora de veículos que além de ingressar na venda de veículos usados, ingressou no campo da mobilidade por osmose; ainda temos outros players como mobilidade sem motoristas, veículos por assinatura, aplicativos de compra e venda de veículos usados, e por aí vai, todos dependentes de manutenção e de “PEÇAS”, mas que ao final podem ser os mesmos jogadores empacotados por uma nova roupagem, start-ups aumentando a disputa neste mercado e mesmo novos investidores buscando um novo caminho para rentabilidade de seus investimentos.
O que praticamente não se alterou ao longo dos anos é a o local de realizar manutenção , reparação de veículos, ou o consumidor entra pela porta das concessionárias de marcas, alicerçadas em garantias e com custos elevados que fazem seus preços não serem competitivos e as oficinas independentes, que englobam todas as fantasias criadas pelos “marqueteiros” de plantão como centro automotivo, posto de troca disto, daquilo, e por aí vai…
Oras, quem compra autopeças neste país? Será que o dono do carro compra peças técnicas? Pode até ser, mas em que ano tecnológico do veículo? Qual a tendência disto permanecer com tantos jovens sem ao menos carteira de habilitação. Mas você pode perguntar, mas a Internet democratizou a informação e hoje o dono do veículo tem acesso ! sim isto é possível, e novamente, em que intensidade? E se isto for relevante como chegar neste dono de carro e mostrar o certo e errado, marca com qualidade e não qualidade? Difícil, não é? E muito, mas muito caro, mesmo como toda rede social possível.
As oficinas independentes devem receber atenção redobrada sim, pois as mesmas:
– compram as diversas marcas de autopeças;
– consumidores finais pagam por ela;
– consumidores que compram peças pela Internet levam para as oficinas realizarem o serviço;
– A lei brasileira é clara como inibidor de serviços automotivos em condomínios, na rua, etc. ;
As oficinas independentes precisam de ganhos de produtividade para se manterem competitivas e para isto precisamos pensar coletivamente e não isoladamente; elas precisam de capacitação sim, mas que os leve a algum lugar, precisam de informações sim, mas organizadas e de fácil acesso, e aqui temos um bom exemplo no canal oficial que é o catálogo eletrônico de peças PARTSLINK24 que armazena dados e imagens oficiais das montadoras em um único ambiente de fácil acesso, e no canal livre o catálogo Sindirepa suportado pela FRAGA, que da mesma forma industrias são ordenadas.
Esperamos que todo o esforço já realizado por muitos sejam mantidos e redobrados para os próximos anos, pois as micro e pequenas empresas da reparação de veículos continuarão a ser protagonistas da manutenção veicular no Brasil.